sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Quinta do Pedreiro

QUINTA DO PEDREIRO
( Vindima de 2007)

Numa vindima da terra,
À beira do Marão-serra,
É sempre sã romaria;
Parece ser Primavera,
Mistério duma quimera,
A florir de alegria.

Pode o dia ser cinzento,
De muita chuva, de vento,
Até forte trovoada;
Quando há cestos e 'scadas
A passear nas ramadas,
Alegria, é de enxurrada.

É na Rua da Rainha,
Desta Princesa velhinha,
Sita a "Quinta do Pedreiro",
Toda virada a nascente
E colhendo do poente
Todo o Sol, o ano inteiro.

No fundo, de lés-a-lés,
O Tâmega, lava os pés
A esta joia vinhateira;
Autêntico miradouro,
Uma legenda, um tesouro,
Desta Amarante "santeira".

Mas vamos lá relatar,
As proezas do falar,
Dos nossos vindimadores
Que às "turras" e discussões
E muitos pagãos sermões,
Se tornam animadores.

Treinadores de futebol,
'Scanções do branco e tintol,
E cortadores de casaca,
Da Justiça, doutorados.
Polícias apetrechados
E professores de ressaca...

Assim são Povo e Costumes,
Numa história de volumes
De mil anos, por contar;
Páginas por descrever
Deste alegre acontecer,
Dum país que 'stá acabar.

Mas terra sempre haverá
E o vinho sempre estará,
Na mesa e no coração;
Pois o que é tradicinal,
Será sempre o principal
Princípio duma nação.

Se a beleza tem encanto,
Mostra aqui, neste recanto,
Mil iguarias sem fim;
Há terra, afã, mais nobreza
Nesta formosa Princesa,
Que mais parece um jardim.

E nos dias que decorrem,
Onde há princípios que morrem,
Não sei por que pandemia,
Dá prazer uvas colher,
Dá gozo vinho beber,
Com esta santa alegria.

A regra do conviver
Está em quem está a escrever
Isto é : Boas maneiras,
Por isso o ditado ordena,
Que se dê de forma terna
Parabéns às cozinheiras.

Comemos que nem abades,
Que nem o bispo, bebemos,
Como o Papa, tudo em paz;
Ficam bem aqui alardes
Ao tudo o que nós fazemos
E do que somos capazes.

Adeus “Quinta do Pedreiro”
Que vais de teu corpo inteiro
Dentro do meu coração;
Na companhia de quem
Nos sabe tratar tão bem:
Carlos Cilo Brandão.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

AMARANTE

De encanto, o teu canto,
exprime-se em baladas intangíveis;
No harpejo dos acordes floridos, o perfume,
é o mistério da sombra, sonoridade grandiloquente,
através do som ainda no limbo.
De magia, o teu encanto, ilusiona-se em prantos comoventes,
no amanhecer dos vales e do cântico dos campos, o sol é ainda
o remurmurejar das suas fontes.
Prestigiditação omnipresente e omnipotente
da cor ainda incolor.

sábado, 15 de setembro de 2007

SERENIDADE


SERENIDADE



A solidão
é um nicho plural
de precipícios rudes;
E testemunhei
de carne viva
a gigantesca realidade.
Transformei-os
em miradouros;
E aqueles oceanos tenebrosos,
preencheram-se de marés vivas,
onde aprendi a ouvir o canto da sereia.
E plantei oásis de encanto
em todos os recantos do desencanto.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

POSTAL RURAL


POSTAL RURAL


No campo pastava a vaca,
Junto dum burro a zurrar,
E um grilo de casaca,
Fora de casa a grilar

Ladrava, à lua, o meu cão,
Com o nome de palhaço;
E eu dava ao meu irmão,
Cinco murros no cachaço.

O galo cacarejava
E uma ovelha balia,
E o meu tio gritava
À orelha da minha tia.

Roncava um carro a subir,
Outro chiava a descer,
E o meu pai a tossir
Sempre com a boca arder…

A minha irmã, namorava
Junto do seu namorado,
A minha mãe vigiava,
Para não haver pecado…

Eu comia marmelada,
Feita de puro marmelo,
Enquanto o porco sugava
O seu caldo de farelo.

S.GONÇALO


Arquitecto paisagista
D’interiores e horizontes,
Um criador humanista
Dum grande leque de pontes.

A primeira que ruiu,
Feita nos teus áureos anos,
As duas margens uniu
E curou os desenganos.

Dessa ponte outras nasceram
E dentro de nós existem,
Pontes d’Amor, que cresceram,
E pelos tempos resistem.

A Ponte Casamenteira
Essa, hoje, está a cair,
Precisa de sementeira
D’Amor, para não ruir.

Aquela Ponte do Bem,
Treme nos seus alicerces,
Não sei quem é esse alguém
Que a trai com falsas preces.

A ponte do Sonho Sonha
Já outros sonhos diferentes,
Com uma carga medonha
De visões escurecentes.

A Ponte Cristã estremece
Neste e naquele pilar,
Será Diabo que tece
O seu assalto ao altar?


Diz a Ponte da Beleza,
No seu dizer narcisista:
Sou como uma fortaleza,
Pois não há quem me resista!

A tua Ponte de Cravos,
Perfuma toda a cidade,
É a passagem sem escravos,
No seio da cristandade.


S.Gonçalo, ouve este pobre,
A chorar, te vai dizer,
A Ponte Humana mais nobre,
Ainda está por fazer.